Como retratista assumido que sou, me vejo meio agoniado com essa febre de fotos em celulares. E onde ficam as paredes?
E o calor e alegria causadas pelas fotos caprichadas com o sorriso dos netos e filhos? E a foto do casal ainda em lua de mel com os sorrisos da esperança do amor esterno?
Hoje, estão trancados em celulares e não irradiam mais alegrias de um passado próximo ou distante.
Outro dia fui apresentado a uma senhorinha que ao saber meu nome exclamou ah, o senhor é fotografo famoso, vou lhe mostrar meus netinhos: pegou o celular e começou a passar dedos prá lá e pra cá.
Não tinha jeito de achar as tais fotos dos netinhos. Pedi o celular emprestado e vi que tinha mais 1.200 imagens arquivadas.
Ou seja, celular lento e fotos nunca vistas.
Tenho clientes que me pediram para fotografar as várias gerações.
Sempre vira festa, são programados almoços, capricham nas roupas e cabelos e todos querem se exibir no melhor estilo e elegância.
Depois, as paredes ficam deslumbrantes, desde bisavós até bisnetos espalhando sorrisos e felicidades pela casa.
Retratos, em preto e branco acadêmicos que rivalizam com quadros à óleo de autores de qualquer época.
Como disse o grande jornalista Joaquim Ferreira dos Santos,
“Ronaldo Câmara é cúmplice de quem lhe vai à frente das lentes, nada de complicação que faça com que o fotógrafo brilhe mais que o fotografado. Pede que você sorria, ou fique sério ou levante mais o queixo, ou os ombros.
Ele não complica. E sempre enchendo o quadro com o rosto do retratado, para que não haja dúvidas de quem é a grande estrela daquele trabalho”.
Sem sobre de dúvida, Lugar de Retrato é na Parede.